Seria possível ressuscitar espécies que já morreram? A ciência acredita que sim.
A Colossal Biosciences, uma empresa que se autodenomina especializada em ‘desextinção’, anunciou que desenvolveu uma espécie de células-tronco de elefante capazes de se transformar em qualquer tecido vivo do corpo.
A descoberta aconteceu durante pesquisas que visavam mudar geneticamente elefantes modernos. A intenção era que eles tivessem pelos, característica presente nos mamutes.
Os estudos começaram em 2021, quando a Colossal reuniu um grupo de cientistas com o objetivo de ‘ressuscitar’ o mamute-lanoso (Mammuthus primigenius), um grande mamífero herbívoro que viveu na Terra durante o Pleistoceno, período que abrange entre 2,5 milhões e 11,7 mil anos atrás, e está extinto há cerca de 4 mil anos. Carcaças desses animais frequentemente são encontradas nas tundras do Ártico.
Em seu último informe, a empresa revelou que as descobertas feitas podem ajudar não somente no renascimento dos mamutes, mas também na retirada de espécies da ameaça de extinção e na revitalização de animais que desapareceram ao longo dos anos, como o dodô e o lobo-da-tasmânia.
Animais
O dodô é uma ave maior que o peru, incapaz de voar, vista pela última vez em 1681. Acredita-se que a caça tenha sido a causa de seu desaparecimento. Enquanto isso, o lobo-da-tasmânia era um marsupial carnívoro, mas extinto desde 1936.
Andrew Pask, Professor de Biociências no Laboratório TIGRR da Universidade de Melbourne, explica sobre o projeto.
Segundo ele, impulsionará o desenvolvimento de novas tecnologias com aplicações imediatas na conservação de marsupiais que atualmente enfrentam grandes pressões ecológicas, bem como sustentará a ‘desextinção’ do tilacino, um predador de topo marsupial único.
De acordo com o site oficial da empresa, a Colossal quer ser a primeira a utilizar com sucesso a tecnologia para ressuscitar espécies extintas.
Em sua descrição de atividades, a empresa afirma buscar “desenvolver softwares e tecnologias radicais para serem implementadas no avanço da ciência genômica”.
Quando eles viveram?
Os mamutes-lanosos (Mammuthus primigenius) viveram durante o Pleistoceno, um período geológico que abrange de 2,5 milhões a 11,7 mil anos atrás.
Eles se extinguiram há cerca de 4 mil anos. Os dodôs (Raphus cucullatus), por outro lado, viveram em tempos mais recentes, sendo avistados pela última vez em 1681 antes de serem extintos.
Ou seja, a proposta da empresa de ressuscitar espécies não se limita a um período geológico. Afinal, esses e outros animais mencionados viveram em momentos diferentes.
Nesse contexto, seria possível ressuscitar espécies da forma que eles pretendem, replicando informações genéticas?
A possibilidade depende de vários fatores, incluindo a preservação e qualidade dos genomas disponíveis.
Seria possível ressuscitar espécies?
Apesar de terem vivido durante o Pleistoceno e se extinguido há cerca de 4 mil anos, carcaças bem preservadas de mamutes têm sido encontradas nas tundras do Ártico. Estas carcaças podem conter DNA em boas condições, suficiente para estudos genômicos.
O avanço da tecnologia de edição de genes, como o CRISPR, tem permitido que cientistas extraiam e analisem essas informações genéticas.
Já existem progressos em modificar geneticamente elefantes para que adquiram características de mamutes, mas recriar um mamute completamente funcional é um desafio complexo e ainda em estágio experimental.
Enquanto isso, os dodôs foram vistos pela última vez há mais de 400 anos, o que significa que eles se extinguiram há menos tempo. No caso dos dodôs, a preservação genética é mais complexa, pois não existem carcaças consideráveis como no caso dos mamutes.
No entanto, fragmentos de DNA podem ser extraídos de restos fósseis ou outras fontes. A recuperação completa do DNA necessário para clonar ou recriar dodôs é ainda mais difícil, mas não impossível com os avanços da biotecnologia.
O DNA pode se degradar ao longo do tempo, especialmente se não estiver em condições favoráveis de preservação, como frio extremo ou ausência de oxigênio.
E, com a tecnologia atual, é possível sequenciar e analisar DNA antigo e até sintetizar partes faltantes do genoma. Ou seja, a clonagem ou a modificação genética de espécies vivas próximas (como elefantes para mamutes ou pombos para dodôs) torna ressuscitar espécies uma abordagem viável.
Fonte: Terra