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Já sabíamos que Saara nem sempre foi um deserto, mas agora temos uma pista de quando isso aconteceu: há 4 mil anos

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deserto do Saara é uma região adorada pelos estudiosos de História. Dos livros aos filmes, o lugar é cenário de várias histórias empolgantes. Mas, na realidade, o local é um dos mais hostis e menos hospitaleiros do mundo. A área desértica toma cerca de 56 milhões de metros quadrados, que se estendem por cinco mil quilômetros em 10 países e um continente inteiro.

Contudo, o que muitos podem não imaginar é que o Saara nem sempre foi um deserto. Em algum momento da história, esse local era uma verdadeira savana verde. Mas até quando essa paisagem durou?

Agora, uma nova pista a respeito de quando o deserto do Saara se transformou para o que se conhece hoje não vem de modelos paleoclimáticos complexos, mas sim de pinturas rupestres de quatro mil anos atrás que foram descobertas no leste do Sudão.

Nem sempre deserto

IGN

De acordo com essas pinturas é visto, entre outras coisas, gado. É justamente nesse ponto que a descoberta está, já que o tipo de gado ilustrado não conseguiria ter sobrevivido nas condições atuais do deserto do Saara.

“Foi enigmático encontrar gado gravado nas paredes de pedra do deserto, pois eles requerem água abundante e hectares de grama e não teriam sobrevivido no ambiente seco e árido do Saara de hoje”, disse Julien Cooper, membro da equipe responsável pelo estudo e descoberta.

O estimado é que o último período úmido do Saara teve início há aproximadamente 15 mil anos e terminou aproximadamente há cinco mil anos. Essa estimativa é baseada no registo arqueológico e nos modelos paleoclimáticos, que tentam simular como aconteceu a evolução do clima na pré-história.

Essas pinturas rupestres mostraram o que os pesquisadores identificaram como sendo uma savana, cheia de piscinas, rios, pântanos e outras características aquáticas. Tudo isso teria feito o trabalho dos pastores de gado entre o segundo e terceiro milênios a.C. mais fácil. Outro ponto visto nas pinturas é a própria fauna da savana africana, como girafas e elefantes.

Transformação

IGN

Contudo, em algum momento esse Saara verde iria se transformar no deserto que se conhece hoje. Com o passar do tempo, as chuvas foram diminuindo e tornaram a região uma das mais secas do mundo. De acordo com os pesquisadores, os lagos e rios começaram a secar e a areia começou a cobrir as gramíneas.

Por conta disso, os habitantes da região migraram para o Vale do Nilo para achar lugares para pastar. “O deserto de Atbai em torno de Wadi Halfa, onde a nova arte rupestre foi descoberta, estava praticamente despovoado. Para quem ficou, o gado foi abandonado em favor de ovinos e caprinos”, explicou Cooper.

Essa descoberta foi feita com base em 16 pinturas rupestres encontradas em Wadi Halfa, no leste do Sudão, entre 2018 e 2019. Mesmo assim, elas não são a primeira evidência arqueológica que mostra que o deserto do Saara nem sempre foi assim. Tanto que do Sudão a Marrocos existem vários sinais que apontam também nessa mesma direção.

De acordo com Cooper, os moradores da região teriam pegado a prática pecuária dos habitantes do Vale do Nilo e da região do Oriente Médio entre sete e oito mil anos atrás. Ele também pontua que é possível que a relação entre os humanos e o gado fosse maior do que somente econômica e chegasse a um significado cultural.

Árvores no deserto do Saara

Meteored

As paisagens desse deserto estão em mudança constante e variam entre desertos arenosos, como os desertos da Argélia, do Mali e da Líbia; locais marcados por duras extensões de rocha e cascalho, como no sul da Argélia ou de Marrocos; e lugares que têm como característica vales montanhosos maciços.

Nos últimos anos, uma equipe de cientistas internacionais têm feito vários estudos e pesquisas para mostrar como o Saara, mesmo com o avanço das mudanças climáticas, conseguiu preservar algumas supressas.

Mesmo que as temperaturas extremamente elevadas, o clima extremamente seco, a radiação solar constante e intensa façam com que o lugar seja inóspito para qualquer forma de vida, principalmente a vegetal, coisas surpreendentes são vistas.

“No entanto, apesar disso, estudos recentes efetuados através da análise de imagens de satélite descobriram que no Saara crescem mais árvores e arbustos do que se pensava”, disseram os pesquisadores.

Esse crescimento da vegetação é evidente mesmo no meio do deserto, nas zonas onde até poucos anos não existiam vestígios de árvores ou arbustos cheios de espinhos vistos entre as dunas de areia e extensões rochosas.

E através de novas tecnologias e imagens de satélite, foi descoberto muito mais a respeito do deserto do Saara. Como no caso de os pesquisadores terem observado mais árvores do que eles esperavam.

Essa quantidade foi particularmente na região do Sahel, no extremo sul do Saara. Nesse local existem mais de 1,8 milhões de árvores solitárias. Algumas foram vistas em locais bem remotos e de difícil acesso para os humanos.

Os pesquisadores fizeram essas descobertas através das 11.000 imagens fornecidas pela NASA, além da inteligência artificial que foi usada para detectar e contar as árvores no deserto do Saara.

O estudo foi realizado por Martin Brandt, um acadêmico da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.

As espécies de árvores que foram encontradas no Saara foram chamadas de árvores solitárias. Essas árvores conseguiram algo que era tido como impossível: se adaptar às condições extremas do deserto do Saara. Para isso, dependendo da zona em que algumas delas estão, a extensão da folhagem delas está entre 3m² e 12m².

Fonte: IGN, Meteored

Imagens: IGN, Meteored

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