Natureza

Oceano perdido revela segredo sobre a formação dos continentes na Terra

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Uma nova descoberta pode ajudar os cientistas a entender melhor o processo de separação e união de supercontinentes: um oceano perdido.

Pesquisadores concluíram que, há mais de 400 milhões de anos, rochas em ebulição “rasgaram” a crosta terrestre e formaram um oceano na região da atual Mongólia.

No estudo, publicado na revista Geophysical Research Letters, os pesquisadores analisaram rochas vulcânicas localizadas no noroeste da Mongólia.

Esses materiais datam do período Devoniano, que ocorreu entre 419 milhões e 359 milhões de anos atrás, uma época marcada pelo domínio dos peixes nos oceanos e pelo início do surgimento das plantas em terra firme.

No passado, existiam dois grandes continentes: Laurentia e Gondwana. Outros microcontinentes gradualmente se chocavam uns contra os outros e se fundiam em um processo conhecido como acreção.

Via Flickr

A equipe analisou as idades e a química das antigas camadas rochosas e descobriu que, entre cerca de 410 milhões e 415 milhões de anos atrás, um oceano se abriu na região da atual Mongólia.

A pesquisa apontou, ainda, que existia uma espécie de pluma mantélica. Trata-se de uma coluna de rocha quente que sobe do manto da Terra, indo para a superfície.

Os pesquisadores explicam que esse processo está associado à ruptura de continentes e à formação de oceanos. Além disso, segundo o estudo, esse oceano perdido acabou ficando e se fechando no mesmo lugar. Mas tudo isso aconteceu 115 milhões de anos depois.

Agora, os cientistas querem usar essa descoberta do oceano perdido para criar modelos de computador que possam descrever como era o antigo oceano do período Devoniano.

Essa investigação abre novas possibilidades para entender não apenas a dinâmica dos supercontinentes, mas também como eventos geológicos profundos influenciam a formação de oceanos e, possivelmente, a origem da vida em nosso planeta.

Antes do oceano perdido

Tradicionalmente, antes dessa descoberta do oceano perdido, temos uma teoria mais comum no meio científico. Ela explica a formação dos oceanos pela teoria da tectônica de placas e pela evolução geológica da Terra ao longo de bilhões de anos.

Após a formação da Terra, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, o planeta estava extremamente quente. No entanto, com o tempo, a Terra começou a esfriar, permitindo a condensação do vapor de água presente na atmosfera primitiva e a formação de líquidos.

Assim, à medida que a Terra esfriava, formou-se uma crosta sólida na superfície. Inicialmente, essa crosta era composta por rochas ígneas. Com o tempo, a crosta se fragmentou em várias placas tectônicas.

Em seguida, os vulcões emitiam grandes quantidades de vapor de água e outros gases, um processo conhecido como outgassing, na atmosfera. Esse vapor se condensava e precipitava, formando os primeiros oceanos.

Via PxHere

Placas

As placas tectônicas em movimento criaram bacias oceânicas. As regiões onde as placas se afastam umas das outras, chamadas de dorsais meso-oceânicas, permitiram a ascensão de magma que, ao se solidificar, formava nova crosta oceânica.

A erosão das rochas continentais e a sedimentação dos materiais erodidos contribuíram para o preenchimento das bacias oceânicas, enriquecendo os oceanos com minerais e sedimentos.

Assim, ao longo da história da Terra, supercontinentes como Rodínia, Pangeia e Gondwana se formaram e se fragmentaram devido aos movimentos das placas tectônicas. A ruptura desses supercontinentes frequentemente levava à formação de novos oceanos.

A água presente na Terra aumentou com o tempo, possivelmente devido à contribuição de cometas e asteroides ricos em água que colidiram com o planeta.

Agora, com um possível oceano perdido, temos mais um pedaço da história para encaixar nessa história. No entanto, cientistas estão positivos quanto à explicação, e mais um pilar da vida terrestre se constrói, trazendo explicações para perguntas futuras.

 

Fonte: Olhar Digital, USP

Imagens: PxHere, Flickr

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