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Chernobyl | Ciência descobre por que javalis continuam radioativos

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O acidente nuclear de Chernobyl foi o maior de todos os tempos até os dias atuais. Em 1986, a usina explodiu e desencadeou vários eventos catastróficos. Por causa dos transtornos causados pela explosão em uma parte da Usina Nuclear, uma grande área foi infectada por uma forte radiação. E isso danificou o solo do local de forma tão terrível que as pessoas não podem visitar algumas partes até hoje. Mas curiosamente,  os javalis de Chernobyl continuaram lá e ainda são radioativos.

Depois de tantos anos uma pergunta sempre fica na cabeça das pessoas: por qual motivo que, dentre todos animais e plantas de Chernobyl só os javalis continuam radioativos?

De acordo com um estudo feito em 2023 por uma união de cientistas das Universidades de Vienna e Leibniz, os javalis não estavam sendo irradiados somente com o acidente da usina nuclear em 1986. Eles também recebiam radiação dos testes atômicos feitos na década de 1960 pela então União Soviética.

Javalis de Chernobyl

Canaltech

No acidente da usina, a explosão do reator emitiu quantidades extremas de césio-137, um isótopo que tem sua meia-vida um pouco mais de 30 anos. Então, depois que quase 40 anos do acidente de Chernobyl, o esperado é que os níveis desse isótopo radioativo tenham caído em, pelo menos, 50%.

Contudo, o que intrigou a ciência foi a carne dos javalis terem mantido um nível de radioatividade constante, mesmo nos animais que foram para outros países. Estudando os javalis da Alemanha foi descoberto que eles tinham, na verdade, césio-135, que tem uma meia-vida bem mais longa que a do de número 137. O que mantinha esse mistério vivo era a dificuldade de diferenciar esses isótopos.

Isso porque os detectores de radiação comuns não conseguiam identificar essa diferença. Ela só foi notada com a tecnologia de espectrometria de massa. E de acordo com Georg Steinhauser, especialista em radiação, para que essa identificação seja feita é necessário um esforço bem maior para que os átomos sejam diferenciados.

Radiação

Canaltech

Mesmo que essa detecção tenha sido feita nos animais da Bavária, no sul da Alemanha, os pesquisadores acreditam que a descoberta pode ser aplicada para os javalis de Chernobyl.

Embora essa questão pareça ter sido respondida, ainda tem o mistério de que somente os javalis de Chernobyl continuam radioativos, enquanto outros animais como os cervos não.

Para essa questão, a possibilidade mais aceita é que a dieta de trufas Elaphomyces, fungos presentes entre 20 cm e 40 cm de profundidade, encha os animais com o césio, visto que as partículas entram no solo de forma lenta. Então, essas trufas estariam recebendo césio-135 apenas agora, depois de décadas dos testes nucleares.

Animais

Olhar digital

Assim como os javalis de Chernobyl, os cachorros dessa área também são diferentes dos demais, como mostrou um estudo.  No começo, vários desses animais foram abatidos pelas autoridades. Contudo, aqueles cachorros que conseguiram escapar acabaram se tornando geneticamente diferentes.

Ao todo é estimado que existam aproximadamente 800 cachorros dentro da zona de exclusão radioativa. Para o estudo feito com os animais, os pesquisadores avaliaram o genoma de cachorros em três regiões diferentes perto de Chernobyl. Foram elas: a própria usina, a cidade de Chernobyl, e a cidade de Slavutych.

Eles analisaram o material genético de 302 cães, sendo 132 da usina, 154 de Chernobyl e 16 de Slavutych. Como resultado, eles descobriram 15 famílias diferentes, com a maior delas sendo a que vive na região de exclusão radioativa. Isso mostra que aconteceu uma migração dos animais da usina e da cidade de Chernobyl.

Antes do estudo, o que era esperado era que pelo menos os animais que circulavam e se reproduziam por essas três regiões tivessem a mesma composição genética. Contudo, o que foi descoberto foi que os cães que moram mais perto do lugar da explosão são diferentes daqueles que vivem mais longe. No caso, os que vivem na usina têm algumas características de pastores alemães, enquanto os outros apresentam uma mistura de outras raças modernas.

“Esse estudo apresenta a primeira caracterização de uma espécie doméstica em Chernobyl, estabelecendo sua importância para estudos genéticos sobre os efeitos da exposição à radiação ionizante de baixa dose e de longo prazo”, disseram os pesquisadores.

Mesmo que os pesquisadores não mostrem uma relação direta entre essas diferenças genéticas e a exposição à radiação, eles acreditam que o estudo pode mostrar esses efeitos em mamíferos de grande porte.

Além disso, eles também acreditam que novas análises possam mostrar como essa mudança genética pode ter ajudado os cachorros a sobreviverem nesse ambiente tão hostil.

Fonte: Canaltech,  Olhar digital

Imagens: Canaltech,  Olhar digital

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