O vinho é uma das bebidas mais antigas que se tem conhecimento na história da humanidade. Isso pode ser comprovado pelas descobertas arqueológicas e pela sua relação com os antigos romanos. Além disso, o estudo feito pela Universidade de Córdoba revelou que dentro de uma urna funerária de dois mil anos, que foi descoberta no sul da Espanha, tinha o vinho mais antigo do mundo ainda em seu estado líquido.
Esse vinho mais antigo do mundo foi descoberto enquanto uma propriedade em Carmona estava sendo reformada em 2019. Contudo, o estudo sobre só foi publicado na segunda-feira dessa semana. Na urna descoberta estavam os restos mortais cremados, marfim queimado e aproximadamente 4,5 litros de líquido avermelhado, que depois os cientistas avaliaram como vinho.
Vinho mais antigo do mundo
Bebida
Por mais que o vinho esteja presente desde a antiguidade na história da humanidade, na visão de muitos pesquisadores, a bebida antiga teria um sabor desagradável.
No entanto, um estudo feito pelos cientistas das Universidades de Verona e do Cardeal Stefan Wyszyński vem contestar esse pensamento. Para seu estudo, eles fizeram a análise das cerâmicas que foram usadas para a fermentação do vinho.
Com isso, eles fizeram a comparação entre os artefatos romanos, conhecidos como dolia, com os que são usados para a produção moderna de vinho na República da Geórgia, chamados de qvevri. Como resultado, eles descobriram que existem várias semelhanças entre os dois processos.
Segundo os cientistas, na Roma antiga, os jarros de argila eram porosos, ao contrário do que é visto hoje com os recipientes sendo de concreto ou metal. Por conta disso, o vinho teria contato com o ar enquanto ele fermentava. Contudo, esses jarros tinham um revestimento por dentro feito com uma substância impermeável. No caso dos romanos, eles usavam piche feito de resina de pinheiro, já os georgianos usam cera neutra de abelha nos qvevri.
Como os jarros tinham um formato oval, ele fazia com que o mosto circulasse e isso deixava o vinho mais rico e equilibrado. E como a base era mais fina, os restos sólidos da uva não tinham muito contato com o vinho que estava maturando. É justamente isso que impede que os sabores fortes e desagradáveis fiquem na bebida.
Outro ponto feito por eles era enterrar o jarro, o que controlava a temperatura e deixava a fermentação acontecer em um ambiente estável por meses. Atualmente, nos qvevri, essa temperatura varia entre 13ºC e 28ºC, ideal para a fermentação malolática, que transforma os ácidos málicos mais fortes em ácidos láticos, mais suaves. Esse tipo de fermentação é o que deixa os vinhos brancos atuais com seu gosto meio caramelizado e com tons de nozes.
Por conta dos jarros estarem enterrados, a formação de levedura na superfície do mosto, chamada de “flor”, era incentivada. Ela é uma camada de espuma branca que não permite que o vinho entre em contato com o ar. Além disso, ela também produz substâncias químicas como o sotolon, que dá um gosto mais picante para a bebida.
Com todas essas descobertas, os cientistas concluíram que, na realidade, os romanos eram exímios produtores de vinho. Tanto é que atualmente alguns produtores voltaram a usar os jarros de cerâmica e usam a técnica romana para encontrar novos sabores para suas bebidas.