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Como uma viagem ao espaço modificou o corpo de quatro tripulantes civis

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O espaço sempre atraiu a atenção e os sonhos do homem. Contudo, ainda hoje nós conseguimos explorar e desvendar poucos dos inúmeros mistérios que envolvem o espaço. Isso acontece principalmente por causa das condições espaciais que podem ser vistas no corpo humano, já que os astronautas têm bastante dificuldade de adaptação à microgravidade e isso se reflete em seus corpos. Ou seja, a viagem para o espaço tem reflexos no corpo humano.

Em 2021, a SpaceX enviou quatro tripulantes civis a bordo de um foguete para uma viagem curta, de três dias, pela órbita da Terra, na chamada missão Inspiration4. Esse foi o primeiro voo com financiamento privado feito para levar civis para fora do nosso planeta.

Viagem ao espaço

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A missão aconteceu no dia 15 de setembro de 2021, quando às 21h03 eles decolaram do Complexo de Lançamento 39A no Centro Espacial Kennedy da NASA na Flórida, nos Estados Unidos.

Depois da missão feita, cientistas de várias instituições do mundo todo fizeram a análise de dados que foram obtidos junto com os tripulantes. Com isso, eles lançaram um material inédito a respeito de como uma viagem ao espaço pode impactar a saúde humana. O material é uma coletânea de 44 estudos publicados chamado de Space Omics and Medical Atlas (SOMA).

De acordo com Christopher Mason, geneticista da Weill Cornell Medicine que liderou boa parte dos estudos, por mais que a NASA tenha estudado a saúde dos astronautas no últimos anos, essas viagens privadas ao espaço dão uma possibilidade de avaliar os riscos de maneira mais detalhada. Foi justamente isso que os cientistas fizeram.

“Esta é a maior divulgação de dados biomédicos de astronautas já feita. Cerca de 30 a 40% dos conteúdos contidos nos ensaios são inéditos”, disse Mason.

Para o estudo, os tripulantes passaram por monitoramento médico antes, durante e depois da viagem ao espaço. Então, com esses dados, e dados de voos espaciais, os pesquisadores fizeram suas análises. Essas análises são referentes aos genomas, microbiomas, transcriptomas (RNA mensageiro) e proteomas (proteínas) das pessoas.

Outro ponto é que a análise feita com a tripulação da missão é diferente porque o foguete da SpaceX orbitou nosso planeta a 585 quilômetros acima do solo. A altitude que ela ficou é significativamente maior do que a da Estação Espacial Internacional, o que sujeita seus tripulantes e um ambiente de radiação diferente, provavelmente mais intenso.

Efeitos no corpo

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Quando estavam em órbita, a tripulação fez vários experimentos científicos que foram processados, sequenciados e analisados pelos cientistas. Como resultado, eles viram cinco efeitos colaterais principais. Foram eles: mudanças no transcriptoma, que é o conjunto completo de moléculas de RNA expressas; no epigenoma, que é o conjunto de sinalizadores bioquímicos ao longo do genoma; nas dinâmicas celulares; na movimentação do microbioma; e nas respostas mitocondriais.

Além disso, eles viram uma perda muscular, biomarcadores de velhice e inflamação na pele dos tripulantes. Esses efeitos estão relacionados com o estresse físico da viagem ao espaço. E o voo também teve efeito na transcrição dos genes do sistema imunológico, diminuindo a capacidade do corpo de se defender contra o vírus.

Outro ponto notado foi com relação ao gênero. No caso, duas tripulantes do sexo feminino voltaram mais rápido aos níveis normais dos seus sistemas imunológicos em comparação com os dois tripulantes homens.

De acordo com Tejaswini Mishra, geneticista da Universidade de Stanford, no espaço, homens e mulheres tem riscos diferentes e se recuperam em taxas diferentes depois que voltam para a Terra.

Tudo isso mostrou que mesmo em uma viagem curta ao espaço os astronautas enfrentam riscos de saúde. Agora, os pesquisadores que fizeram o SOMA estão expandindo os estudos e analisando os dados de astronautas que viajaram para a ISS em viagens ao espaço pela empresa Axiom Space.

Fonte: Meteored

Imagens: Meteored

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