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E se o Universo não tivesse matéria escura? Físicos estudam essa possibilidade

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Uma das questões mais antigas na Física e na Astronomia é a natureza da matéria escura, cuja existência permanece um mistério.

As evidências primárias de que ela realmente existe vêm da análise das dinâmicas galácticas, tanto internas quanto externas, revelando as diferenças significativas entre as matérias do Universo e das previsões teóricas de grandes pesquisadores.

Assim, a matéria escura surgiu como uma explicação plausível para essas inconsistências.

Acredita-se que ela seja uma forma de matéria que não interage eletromagneticamente. Portanto, não emite radiação luminosa, sendo sua interação predominante de natureza gravitacional.

No entanto, recentemente, um grupo de físicos da Universidade de Ottawa propôs uma ideia provocativa: e se a matéria escura não existir?

Em um estudo publicado no The Astrophysical Journal, esses pesquisadores exploram essa hipótese, sugerindo que os fenômenos que observaram podem ser atribuídos a propriedades intrínsecas do próprio espaço-tempo.

Via Public Domain

Matéria escura

De acordo com o modelo cosmológico predominante, aproximadamente 25% da composição do Universo é atribuída a uma forma de matéria conhecida como matéria escura.

A natureza dessa matéria permanece desconhecida, pois não exibe interação eletromagnética, resultando na ausência de emissão de luz observável.

A detecção da matéria escura se baseia unicamente em sua influência gravitacional.

Enquanto isso, a distribuição geral do Universo se caracteriza por cerca de 70% de energia escura, 25% de matéria escura e apenas 5% de matéria visível.

Vários cientistas trouxeram propostas para esclarecer a natureza da matéria escura. Uma das suposições mais difundidas sugere que ela pode consistir em WIMPs, partículas que interagem de maneira extremamente tênue com outras formas de matéria.

Outra hipótese levanta a possibilidade de que a matéria escura seja composta por buracos negros isolados ou por objetos como as anãs marrons.

Universo sem matéria escura

Para os físicos da Universidade de Ottawa, uma explicação para nossa falta de compreensão da natureza da matéria escura é a sugestão de que ela simplesmente não existe.

Eles propõem que as interações fundamentais, como a gravidade, podem ter diminuído ao longo do tempo. Isso implica que, no passado, a força gravitacional poderia ter sido mais intensa do que é atualmente.

Assim, as diferenças entre observações e teorias podem ser explicadas pelo fato de que a interação gravitacional teria se manifestado de maneira distinta no passado.

Além disso, os efeitos observados de galáxias se afastando umas das outras, resultando no chamado desvio para o vermelho (redshift), poderiam ser explicados pelo modelo proposto, em que a luz perderia energia ao longo do tempo.

Universo mais velho?

Via Rawpixel

Além disso, um dos desafios apresentados por esse modelo radical é que implica que o Universo teria o dobro da idade que calculamos atualmente.

Essa concepção surgiu quando o telescópio James Webb detectou estrelas e galáxias que aparentavam ser mais antigas do que o previsto.

Isso levou alguns a sugerir a possibilidade de que o Universo seja mais antigo do que o estimado até então.

No entanto, a explicação mais plausível está na formação das galáxias. A compreensão da formação galáctica sempre foi uma área de incerteza, e é viável que elas tenham se formado de maneira diferente ou em uma época distinta da que supomos.

Além disso, parte das discrepâncias observadas em relação à idade das estrelas depende de margens de erro consideráveis devido às distâncias e às medições envolvidas.

Matéria escura ainda é a melhor aposta

A concepção da matéria escura permanece como a hipótese mais aceitável para explicar fenômenos cosmológicos e galácticos.

Parte dessa justificativa deriva da confirmação proporcionada pela teoria da relatividade geral, que oferece uma explicação sólida para a dinâmica e a interação gravitacional.

A questão preponderante não reside tanto na existência da matéria escura, mas sim na sua natureza fundamental.

Isso se deve ao fato de que o modelo que postula a existência da matéria escura encontra respaldo em evidências sólidas e em uma base teórica robusta, corroboradas por inúmeras observações e experimentos.

Ainda, diversas literaturas, teorias antigas e propostas se formulam em cima da ideia de que essa matéria existe e se envolve com outros conceitos físicos. Negá-la seria o mesmo que precisar rever muitas bibliografias que são pilares de conceitos atuais.

Portanto, é improvável que nos libertemos tão cedo do conceito de matéria escura. No entanto, cientistas continuam a provocar a nova física para tentar colocá-la à prova e comprovar, de fato, sua existência.

 

Fonte: Tempo

Imagens: Public Domain, Rawpixel

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