Existem formas famosas de se pedir socorro, como escrever SOS na areia da praia caso você esteja em um filme de aventura hollywoodiano. No entanto, o Código Morse imortalizou o “• • • – – – • • •” na hora de solicitar ajuda. Neste post, vamos explicar a história e a lógica desse sistema de comunicação que aumentou a velocidade dos processos de interação do século 19.
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Fonte: History Chanel
Bilhete de papel é coisa do passado
Basicamente, o Código Morse surgiu por conta de uma frustração do pintor Samuel Finley Breese Morse com a demora dos mensageiros em percorrerem os Estados Unidos da América. Nesse sentido, ele sentiu na pele essa lentidão por volta de 1820, quando o artista morava em New Haven, no estado de Connecticut.
Na época, sua esposa passava por uma nova gravidez, e a priori, ele ficaria ao lado dela durante todo o processo. No entanto, perto da concessão da luz, Morse recebeu a proposta de pintar o retrato do Marquês de Lafayette, militar que atuou na Revolução Francesa e da Guerra da Independência estadunidense.
Sendo assim, mesmo com sua esposa prestes a parir, o pintor decidiu viajar 440 km até Washington para cumprir o trabalho. Após uma semana de estadia, um mensageiro chegou até Morse e lhe disse que sua mulher tinha entrado em trabalho de parto e não passava bem.
Desesperado, o artista voltou correndo para New Haven, porém, não dava mais tempo. Sua esposa havia falecido. Diante disso, ele começou a pensar em soluções que evitassem essa demora em receber recados, já que as horas gastas pelo mensageiro podem ter sido determinantes na sobrevivência da cônjuge de Morse.
Fonte: mozlase__
Por isso, entre 1832 e 1835, o pintor inventou o telégrafo junto com outros dois amigos, sendo um deles Alfred Vail. Este contribuiu principalmente no desenvolvimento do sistema de pontos e traços que sustenta o Código Morse.
Sou jovem, não sei como funciona um telégrafo…
Calma jovem, vamos explicar. Em resumo, um telégrafo é um aparelho que recebe um impulso elétrico, e a partir desse choque, gera uma mensagem impressa. Isso se dá porque dentro dele há um eletroímã capaz de mover uma alavanca ligada a um rolo de tinta. Dessa forma, esse rolo marca o papel com traço ou ponto.
Vale lembrar que naquela época ainda não havia um aparelho capaz de desenhar as mais de 20 letras do alfabeto. Por isso, o telégrafo trabalhava apenas com pontos e traços. Com isso, cabia à pessoa receptora saber a letra que cada conjunto de pontos e traços representava, para assim, decodificar a mensagem.
Fonte: Rhey T. Snodgrass & Victor F. Camp
A propósito, o telégrafo dependeu de apoio governamental para progredir, sendo a primeira linha estabelecida entre Baltimore e Washington. A primeira mensagem de Morse nesse elo foi em tom de gratidão: “What hath God wrought” (“O que Deus fez”, trazendo para o português).
Tendo em vista o sucesso que a tecnologia representava, ela se disseminou por todo os Estados Unidos e também pela Europa. Inclusive, a lógica do Código Morse de representar letras com dois símbolos ganhou variantes em várias áreas.
Na época, algumas comunicações se davam por meio de luzes que piscavam e apagavam com intervalos pré-definidos. Assim, o receptor cumpria o mesmo processo do Código Morse: conferia que letra aquele ritmo representava e montava a mensagem.
Posteriormente, o século 20 trouxe uma infinidade de tecnologias de comunicação. Nesse sentido, aos poucos o telégrafo e o Código Morse foram deixando de ser usados. O último reduto de uso estava no processo de interação entre embarcações, funcionando com pontos e traços até o início de 1990. Todavia, na virada do milênio veio ao mundo o Sistema Global de Socorro e Segurança Marítima, que inutilizou o Código Morse.
••–• •• –– (FIM, em Código Morse)
Fonte: Super Interessante