Natureza

Há 100 milhões de anos, Austrália era dominada por mamíferos que põem ovos

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Novos fósseis descobertos em Lightning Ridge, na Austrália, trazem evidências de uma “Era dos Monotremados” ocorrida há 100 milhões de anos, com mamíferos que põem ovos. Os pesquisadores identificaram seis espécies distintas dessa época, incluindo três novas, revelando uma diversidade inédita.

O estudo sobre essa descoberta foi publicado nesta segunda-feira (27) na revista Alcheringa: An Australasian Journal of Palaeontology.

Os fósseis, encontrados por pesquisadores do Museu Australiano (AM), Museus Victoria e Australian Opal Centre, datam do período Cenomaniano do Cretáceo, entre 102 e 96,6 milhões de anos atrás.

“Hoje, a Austrália é conhecida como a terra dos marsupiais, mas a descoberta desses novos fósseis é a primeira indicação de que a Austrália anteriormente abrigava uma diversidade de monotremados. É como descobrir uma civilização completamente nova”, afirmou Tim Flannery, mamalogista e professor associado honorário do Museu Australiano, em comunicado.

Flannery acrescentou que o ornitorrinco e a equidna são os únicos sobreviventes da Era dos Monotremados, embora essa ordem de mamíferos tenha sido muito mais diversa na Austrália de 100 milhões de anos atrás.

Espécies de mamíferos que põem ovos

Via Revista Galileu

As seis espécies de mamíferos que põem ovos descobertas são: Opalios splendens, uma nova espécie descrita como um ‘echidnapus’; Stirtodon elizabethae, o maior monotremado da época; Kollikodon ritchiei, com molares em forma de pão doce; Steropodon galmani, agora conhecido a partir de fósseis opalizados adicionais; Parvopalus clytiei, o menor monotremado da época; e Dharragarra aurora, a mais antiga espécie de ornitorrinco conhecida.

Kris Helgen, mamalogista e diretor do Instituto de Pesquisa do Museu Australiano (AMRI), afirma que essas três novas espécies revelam combinações inéditas de características em monotremados, tanto vivos quanto fósseis. Um dos mais impressionantes é o Opalios splendens. Ele traz alguns traços dos primeiros monotremados que se tem registro, mas com elementos nas equidnas e ornitorrinco de hoje.

Ou seja, Opalios splendens estão em um lugar na evolução antes da própria evolução comum dos monotremados atuais. Sua anatomia geral é provavelmente bastante semelhante à do ornitorrinco, mas com características da mandíbula e do focinho um pouco mais parecidas com as de uma equidna – podemos chamá-lo de ‘echidnapus’.

O diretor indica, ainda, que a jornada dos monotremados, nossos mamíferos que põem ovos, foi uma passagem de “dentes para desdentados”. O monotremado mais antigo conhecido, Teinolophos trusleri, que viveu em Victoria há 130 milhões de anos, tinha dentes.

Em Lightning Ridge, o apontamento informa que há 100 milhões de anos alguns animais ainda tinham todos os cinco molares, enquanto outros perderam dois.

Comparações atuais

Observando os sobreviventes atuais, as equidnas não têm dentes e os ornitorrincos adultos também são praticamente desdentados, embora os juvenis apresentem molares rudimentares.

Os pesquisadores acreditam ter resolvido o mistério em torno da razão e do momento em que os ornitorrincos adultos perderam seus dentes.

Sugere-se que a competição com o rato d’água australiano, que chegou à Austrália nos últimos 2 milhões de anos, tenha impulsionado os ornitorrincos a buscar alimentos mais macios e escorregadios.

Conforme Matthew McCurry, curador de Paleontologia do Museu Australiano, a identificação de três novos gêneros de monotremados representa uma contribuição significativa para a compreensão de sua notável história evolutiva.

Quatro espécies são conhecidas a partir de um único espécime, sugerindo que a diversidade permanece sub-representada. Esta descoberta adiciona mais de 20% à diversidade de monotremados anteriormente conhecida.

Para o cientista, a escassez de fósseis de monotremados torna cada nova descoberta extremamente valiosa, pois fornece informações sobre seus habitats, aparência e a influência das mudanças ambientais na evolução desses animais.

Via Revista Galileu

Fósseis

Ele destaca que todos os fósseis significativos de monotremados, desde o Teinolophos, uma pequena criatura semelhante a um musaranho que viveu na Antártida há 130 milhões de anos, até os fósseis mais recentes, se encaixam na narrativa evolutiva desses mamíferos.

A descoberta dos fósseis é de Elizabeth Smith e sua filha Clytie, do Australian Opal Centre em Lightning Ridge, que passaram décadas trabalhando e procurando nos campos de opala.

Os fósseis de opala são raros, mas os fósseis de monotremados opalizados são infinitamente mais raros, pois há um fragmento de monotremado para cada milhão de outras peças. Eles não sabem quando, ou exatamente onde, eles aparecerão.

Esses espécimes de mamíferos que põem ovos são uma revelação. Eles demonstram que, em um período anterior à transformação da Austrália na terra dos marsupiais, mamíferos que carregam seus filhotes em bolsas, esta era habitada por mamíferos que põem ovos – os monotremados.

Parece que há 100 milhões de anos havia mais monotremados em Lightning Ridge do que em qualquer outro lugar na Terra, passado ou presente.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Revista Galileu, Revista Galileu, G1

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