Curiosidades

Nossos dedos vieram desse animal de 375 milhões de anos

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Quando falamos de evolução das espécies, é claro que não podemos esquecer de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace. Eles são os pais da teoria evolutiva mas aceita até hoje. E se baseiam em quatro princípios. A elevada capacidade reprodutora dos seres vivos, a variabilidade da descendência e a atuação da seleção natural.

Na história da evolução, todos já ouvimos que os ancestrais dos primeiros vertebrados que conquistaram a terra eram peixes. E em algum momento, as barbatanas desses peixes se transformaram em membros. E esses animais conseguiram finalmente se arrastar pelo chão.

Mas como foi que os peixes se transformaram em tetrápodes, vertebrados terrestres que tem quatro membros? Isso é uma coisa difícil de se determinar por conta da falta de fósseis que documentem essa transição.

Isso era difícil, até agora. O esqueleto completo de um peixe de 375 milhões de anos foi descoberto. E pode ser a evidência que faltava para confirmar o que os cientistas acreditam da origem das mãos e dos dedos. Ou seja, o surgimento dos tetrápodes.

Origem

Os tetrápodes são uma super classe, que inclui as aves, alguns mamíferos, anfíbios e répteis, que tem “mãos” diferentes entre si. No caso das aves, essas mãos formam as asas. E nos elefantes, elas conseguem suportar pesos tão grandes como os de troncos de árvores.

O fato é que mãos são mãos e sua estrutura básica é parecida. Em 1959, Darwin já tinha notado isso quando ele mostrou a curiosidade de mãos tão diferentes. Como a dos humanos que foram feitar para pegar coisas e as de uma toupeira que foram feitas para cavar. E todas serem feitas no mesmo padrão, incluindo os mesmos ossos nas mesmas posições relativas.

Baseando-se em suas observações, Darwin formulou a hipótese de que os animais tinham o mesmo padrão porque eram todos descendentes de um ancestral comum.

E pelos 160 anos seguintes dessa ideia, biólogos de todo mundo fizeram vários experimentos que provavam que Darwin estava certo. A descoberta foi que a ancestralidade dos tetrápodes vinha dos peixes. Foi descoberto também que os ossos que fazem a mão humana são vistos em sapos, pássaros e baleias. E que determinados genes controlam o desenvolvimento das mãos, asas e nadadeiras.

Mas para determinar em que momento os ossos da nadadeira de um peixe  ancestral evoluiu para uma mão e um punho os cientistas precisavam de fósseis relativamente inteiros. Eles precisavam encontrar a criatura pioneira que decidiu sair da água.

Elpistostegalianos

Em março desse ano, os cientistas da Universidade de Quebec e da Universidade Flinders, na Austrália,  descreveram um fóssil completo de um peixe de 375 milhões de anos. Era ele o Elpistostege watsoni.

O animal tinha os ossos das barbatanas intactos e eram compatíveis com os que compõe os nossos dedos. Com isso, os pesquisadores disseram, pela primeira vez, que os dedos na verdade evoluíram antes dos vertebrados saírem da água.

A mudança aconteceu porque, até então, essa compreensão da transição evolutiva entre os peixes e os primeiros tetrápodes era tida a partir de pedaços de fósseis que pareciam ser uma ponte entre os dois grupos

O Elpistostege watsoni é conhecido desde 1937. Mas naquela época os cientistas encontraram apenas um fragmento do teto do seu crânio. E eles já suspeitavam que os tetrápodes tinham evoluído dos peixes com nadadeiras carnosas e lobadas.

Na época, não era conhecido nenhum fóssil com uma anatomia intermediária para confirmar essa suspeita. E quando o paleontologista britânico, Thomas Stanley Westoll, descobriu um pedaço do teto do crânio do Elpistostege watsoni deu esse nome a ele a partir das palavras gregas para “esperado” e “teto”. O nome foi dado na esperança de que fosse a espécie de transição procurada entre os peixes com nadadeiras carnosas e os primeiros animais de quatro patas.

No momento da descoberta, Westoll pensava que o animal era um anfíbio. O que faria sentido para uma criatura de transição entre peixes e tetrápodes. A teoria era interessante, mas muito difícil de se provar porque se conhecia muito pouco sobre o animal.

Anos depois

Apenas depois de 30 anos, é que outros pesquisadores encontraram mais fragmentos do Elpistostege watsoni. E então foi possível se determinar que ele era, na verdade, um peixe com nadadeiras lobadas muito avançado e não um anfíbio.

E dessa vez, os cientistas registraram a localização exata em que o fóssil foi encontrado. Ele estava 90 metros acima das camadas mais baixas de uma unidade geológica distinta que é conhecida como Formação Escuminac.

Nos anos seguintes, os cientistas voltaram ao local. E mesmo sem encontrar novas peças para o quebra-cabeça começaram a entender melhor o ambiente em que esse animal viveu.

Com isso, eles perceberam que o Elpistostege watsoni era maior e provavelmente o principal predador das águas que ele dividia com outras 20 espécies de peixes.

E em 2010, o diretor de Miguasha e naturalista Benoit Cantin descobriu o maior e mais importante fóssil que já foi encontrado na Formação Escuminac. Ele descobriu o esqueleto completo de 1,57 metros de Elpistostege watsoni.

Dedos

Em 2014, a equipe internacional, em colaboração com pesquisadores australianos, usou vários métodos diferentes para processar as imagens feitas do peixe. E encontrar uma melhor combinação que possibilitasse que os cientistas estudassem cada osso digitalmente.

Os resultados preliminares não apenas confirmaram a presença de ossos extras nas barbatanas do Elpistostege watsoni, como também mostraram com muito mais detalhe. Eram na realidade vários ossos pequeno e bem compactos.

Geralmente, o final da barbatana peitoral tem pequenos ossos que são chamados radiais. Eles sustentam os raios das barbatanas. Mas nesse animal, por mais que eles estivessem no lugar certo para serem radiais, o grande número de ossos e a forma como alguns estavam arranjados sugeria que eles eram outra coisa.

Pela teoria da equipe, esses ossos nunca vistos antes eram dígitos parecidos aos encontrados nos dedos dos tetrápodes. Eles então identificaram dois dígitos compostos de múltiplos ossos articulados. E também três outros possíveis. Cada um composto por um único osso.

Depois de fazer uma análise filogenética de 202 características em 43 espécies, os cientistas concluíram que o Elpistostege watsoni é mais relacionado a todos os tetrápodes vivos.

E assim os pesquisadores chegaram a conclusão de que a estrutura da mão dos tetrápodes nasceu em peixes com nadadeiras lobadas a aproximadamente 380 milhões de anos atrás.

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