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O dia que milhares de latas de cannabis apareceram na costa brasileira

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Dezoito latas de metal foram encontradas no dia 25 de setembro de 1987, boiando próximo ao litoral de Maricá, no Rio de Janeiro. O município fica a cerca de 60 quilômetros da capital do estado. Alguns pesquisadores curiosos para descobrirem o que havia dentro das latas acabaram por abrir algumas delas.

O que eles encontraram os deixaram tão surpresos que eles por fim entregaram as latas para a polícia. Cada uma das latas encontradas pelos pescadores continha aproximadamente 1,5 kg de maconha. O episódio ficaria conhecido posteriormente como “Verão da Lata”.

Em agosto daquele ano, a Policia Federal do Rio de Janeiro havia recebido um comunicado da policia estadunidense de que um navio, o Solana Star, que estava a caminho de Miami vindo da Austrália, estava transportando 22 toneladas de maconha. Ao descobrirem que estavam sendo procurados pela polícia, a tripulação da embarcação jogou todo o carregamento no mar.

Aproximadamente, em 20 de setembro, as latas começaram a surgir no litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em seu livro lançado em 2012, Verão da lata, o jornalista carioca Wilson Aquino conta como tudo de fato aconteceu.  “A ideia surgiu conversando com a galera mais jovem, eles achavam que isso aí era um folclore, papo de maconheiro, uma ‘viagem'”, disse Aquino ao portal UOL Entretenimento.

O livro com cerca de 200 páginas, ilustrado por muitas fotos, primeiramente foi pensado para se tornar um documentário. Segundo o jornalista, só depois é que o material acabou se tornando um “documentário impresso”, uma vez que eles possuíam um grande acervo fotográfico.

Tudo ocorreu quando o Brasil estava se estabelecendo como um país democrático, após o fim de uma ditadura. De acordo com Aquino, as pessoas quando souberam o que estava acontecendo, saíram em busca das latas. Mesmo com muito medo de serem pegos pela polícia.

Verão da lata

“Hoje em dia é tranquilo, você pode até ser liberado depois de responder alguma bobagem. Na época tinha porrada mesmo, ninguém gostava de maconheiro, principalmente a polícia. Era um período pós-ditadura, então as pessoas ainda tinham muito medo”, disse Aquino.

Cerca de 15 mil latas foram jogadas no mar. No entanto, apenas pouca mais de 12 mil delas chegaram a ser apreendidas pela polícia. Depois de descartarem toda a maconha no mar, o Solana Star pediu licença para atracar no Porto do Rio para reparos em seu motor. O barco por lá permaneceu, e os integrantes de sua tripulação deixaram o Brasil alguns dias depois. Exceto o cozinheiro, Stephen Skelton, que foi preso.

“Ele foi condenado à uma pena de 20 anos, mas ficou só um ano preso. O próprio STF achou que a quantidade apreendida no barco era muito pequena para condenar o cara por tráfico internacional”, contou o jornalista.

Quando questionado sobre como o episódio influenciou a cultura popular brasileira, Aquino respondeu que o episódio do Verão da Lata não foi muito além de dar asas ao imaginário popular, o batismo de algumas bandas de reggae e ser tema de marchinhas de carnaval.

O jornalista tem posição favorável a descriminalização da maconha no Brasil. No entanto, ele acredita que a coisa toda seja uma questão complexa. “Acho que a descriminalização na prática já está ocorrendo. Mas legalizar requer outros estudos: você tem que considerar quem vai poder vender, quem vai poder comprar, aonde, quanto seria cobrado…é uma coisa mais complicada”, concluiu.

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