A matéria escura é cerca de cinco vezes mais abundante que a matéria comum no Universo.
Embora ainda não saibamos do que ela é composta, sabemos que, como toda massa, ela exerce um efeito gravitacional que influencia a distribuição das estrelas nas galáxias, fazendo com que os objetos celestes orbitem seus centros de gravidade. Ou seja, realizem um movimento de revolução ou translação muito mais rapidamente do que fariam se ela não existisse.
No entanto, o que aconteceria se a matéria escura desaparecesse do nada?
Perderíamos as galáxias anãs
Via Negative Space
A ausência de matéria escura em galáxias de baixa massa, conhecidas como galáxias anãs, teria consequências devastadoras.
As galáxias anãs são as mais numerosas no Universo e possuem uma proporção maior do material escuro em relação à sua massa total, comparadas às galáxias maiores.
Nessas galáxias, a massa da matéria escura pode ser até dezenas de milhares de vezes maior que a da matéria visível. Portanto, a perda da matéria escura nessas galáxias teria um impacto muito maior do que apenas a perda das estrelas externas: as galáxias anãs se desintegrariam completamente.
Nada muda sem Sagitário A*
Não sabemos como o buraco negro no centro da nossa galáxia, Sagittarius A*, se formou. Embora seja chamado de buraco negro, sua origem não está necessariamente ligada ao colapso da matéria escura.
O buraco negro no centro da nossa galáxia tem um impacto muito local. Ele não determina a órbita do Sol e não tem um efeito significativo em escala galáctica. Se fosse removido, provavelmente nada de relevante aconteceria.
A fusão da Via Láctea com Andrômeda
A Via Láctea, com suas 200 bilhões de estrelas, um buraco negro supermassivo e um halo de matéria escura, tem uma massa estimada em cerca de 1,15 trilhão de vezes a massa do Sol, o que a classifica como uma galáxia maciça. Andrômeda, nossa principal galáxia vizinha, também é maciça, com uma massa de aproximadamente 1,5 trilhão de vezes a do Sol.
Devido à atração gravitacional entre elas, ambas as galáxias estão se aproximando, contrariando a expansão do Universo, e eventualmente se fundirão.
Mesmo sem a presença desse elemento, elas provavelmente acabariam se fundindo, embora esse processo levaria muito mais tempo do que atualmente previsto devido ao papel da matéria escura.
No início do Universo
Agora, imagine que a matéria escura nunca tivesse existido. No caso, faria uma diferença absurda, visto que as galáxias anãs talvez nunca tivessem se formado. A ausência no início do Universo implicaria na formação predominante de galáxias muito maciças.
A Via Láctea provavelmente ainda teria se formado, mas com um número significativamente menor de estrelas. Além disso, não veríamos os chamados halos estelares, que se formam com a canibalização de galáxias anãs por galáxias maiores.
Via NeedPix
O Universo se desintegraria sem matéria escura?
A matéria escura está em todo o Universo. Ela existe em tudo. No entanto, mesmo todo o elemento existente não consegue desacelerar a aceleração da expansão do Universo. Ela apenas atrai mais matéria escura para o que está relativamente próximo.
Por outro lado, a matéria escura pode neutralizar o chamado fluxo de Hubble. Em certas escalas, a presença desse elemento permite que os objetos se desacoplem da expansão e do colapso. O exemplo da aproximação entre Andrômeda e a Via Láctea ilustra bem isso.
Se toda a matéria escura fosse removida de uma vez, as estrelas nas periferias das galáxias maciças e as galáxias mais externas dos aglomerados galácticos sairiam disparadas. Algumas dessas galáxias em fuga se incorporariam ao fluxo de Hubble, contribuindo para a expansão global do Universo.
E quanto à energia escura? Com o conhecimento atual sobre a energia escura, mesmo no cenário hipotético da ausência de matéria escura, ela não teria um efeito suficientemente forte para fragmentar completamente o Universo.
Fonte: UOL
Imagens: Negative Space, NeedPix
