História

O que os médicos que combateram a meningite no Brasil pensam sobre a pandemia de Covid-19?

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Mesmo tanto tempo depois, parece que muitas coisas que aconteceram durante a pandemia de meningite estão acontecendo na atual pandemia do novo coronavírus. Por isso, nos perguntamos, o que os médicos que combateram a meningite no Brasil pensam sobre a pandemia de Covid-19?

De acordo com os médicos que viveram nos anos 1970, parece que não aprendemos nesses últimos 40 anos. Entre problemas que se repetem, podemos citar um discurso negacionista, dados que são divulgados de forma confusa e uma imprensa que sofre constantes ataques. Dito isso, essas são características que foram adotadas em um passado não muito distante.

Essa foi a maior epidemia de meningite da história do país

No início de 1971, o Brasil começou a noticiar os primeiros casos do que seria a maior epidemia de meningite da história do país. Assim, os primeiros casos foram identificados no distrito de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. Depois disso, em apenas alguns meses, a propagação da doença ganhou proporções que são consideradas epidêmicas.

Nesse período, o país foi acometido por dois subtipos de meningite. São elas: meningocócica, do tipo C, e do tipo A, respectivamente, a partir de 1971 e 1974. Bem como hoje, os mais atingidos foram moradores de regiões carentes. Desse modo, em bairros mais pobres, houve muitos casos de pessoas morrendo sem nenhum tipo de tratamento ou diagnóstico.

Muito do avanço da doença se deu pela falta de informação. De fato, a doença foi pouco noticiada. Isso aconteceu porque, era tempo do chamado “milagre econômico”. Portanto, o governo militar não admitia a existência de um problema militar. Além disso, médicos foram proibidos de conceder entrevistas sobre o tema. Quando havia reportagens sobre o assunto, elas eram censuradas e também não se tinha acesso a dados oficiais.

Os médicos tentaram alertar sobre o que estava acontecendo

Mesmo que proibidos de tocarem no assunto, médicos continuaram avisando as autoridades sobre a situação crítica. “Desde o início, os médicos alertaram as autoridades sobre a epidemia e a necessidade de ações para que ela fosse contida. Mas os militares não tomavam medidas sobre o assunto”, afirma o epidemiologista, Eliseu Waldman, de 73 anos.

Olhando para trás, muitos médicos também percebem que o passado está se repetindo. “Estou revivendo algo que jamais imaginei que fosse acontecer de novo, no sentido sanitário e político“, afirma o infectologista Roberto Focaccia, de 74 anos. “Era muito fácil ocultar dados na época, porque não havia um sistema de informação consolidado com levantamentos da saúde pública”, afirma Eliseu.

De toda forma, não devemos nos espelhar em ações do passado. Enquanto a pandemia de meningite levou anos para ser controlada, a situação com a Covid-19 permanece incerta e apresenta muito mais riscos. “A diferença entre a pandemia de agora e a epidemia de meningite é que no passado havia uma censura muito grande e não era possível veicular o que realmente estava acontecendo. Hoje, não cabe mais a postura totalitária, principalmente com o advento da internet. O medo acabou e os profissionais de saúde falam sobre o que está acontecendo, apesar de o presidente tentar negar a gravidade da doença”, afirma a infectologista Marinella Della Negra, de 75 anos.

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