Saúde

Os genes da depressão podem afetar as situações em que nos encontramos

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Os genes da depressão podem fazer mais diferença do que você imagina na sua condição mental.

Essas experiências existem há mais de 10 mil anos, incluindo mudanças na energia, atividade, pensamento e humor. Com tanto etmpo de história, pode ser surpreendente que os especialistas não tenham um consenso sobre a definição exata da depressão, suas causas e manifestações.

No entanto, muitos especialistas concordam que a depressão não é uma condição monolítica. Ou seja, é, na verdade, uma ampla categoria de doenças com diferentes origens e mecanismos. Essa diversidade torna desafiador selecionar o tratamento mais eficaz para cada indivíduo.

Depressão reativa vs endógena

Via Pexels

Uma das abordagens mais populares atualmente é investigar subtipos de depressão e avaliar se eles respondem de forma diferente à cada modalidade de tratamento. Um exemplo disso é contrastar a depressão “reativa” com a depressão “endógena”.

A depressão reativa (também conhecida como depressão situacional ou psicossocial) é considerada desencadeada pela exposição a eventos estressantes da vida, como traumas ou a perda de um ente querido – uma resposta compreensível a um estímulo externo.

Por outro lado, a depressão endógena (depressão biológica ou de base genética) é concebida como resultante de fatores internos, como predisposição genética ou desequilíbrios químicos no cérebro.

Muitos profissionais de saúde mental adotam essa subdivisão. Talvez você já tenha se deparado com essa classificação online.

Entretanto, essa abordagem pode ser muito simples.

Embora os eventos estressantes da vida e a predisposição genética possam, individualmente, contribuir para o surgimento da depressão, eles também interagem, aumentando o risco de desenvolvimento da doença.

Além disso, as evidências indicam a presença de genes da depressão na forma como respondemos aos fatores estressantes. Nesse caso, certos genes influenciam aspectos como a personalidade e nossa interação com o ambiente.

Influência de cada tipo

Cientistas analisaram o risco dos genes da depressão em várias condições além da tristeza em si.

Primeiro, as variantes genéticas ligadas à depressão se sobrepõem às de outros transtornos mentais. Em segundo lugar, mesmo dentro da depressão, pessoas podem ter variantes genéticas distintas.

Assim, buscou-se investigar um amplo espectro de variantes genéticas relacionadas a transtornos mentais.

Apesar da expectativa de que pessoas com diferentes predisposições genéticas à depressão (reativa ou endógena) tivessem diferentes experiências de estresse, as descobertas contrariaram essa ideia.

Ao estudar mais de 14 mil pessoas com depressão, observou-se que aqueles com maior risco genético relatavam maior exposição a fatores estressantes, como violência, acidentes e abuso infantil.

Essas associações não sofreram significativamente com fatores como idade, sexo ou relacionamento familiar, embora não exista uma análise de outros possíveis influenciadores, como status socioeconômico.

Vale ressaltar que a análise principal se baseou na memória das pessoas sobre eventos passados, que pode ser subjetiva ou imprecisa.

Genes da depressão

A predisposição genética para transtornos mentais influencia como as pessoas reagem ao ambiente ao seu redor.

Imagine duas pessoas: uma com alto risco de genes de depressão e outra com baixo risco. Ambas perdem seus empregos.

A pessoa geneticamente vulnerável encara a perda do emprego como uma ameaça à sua autoestima e status social, sentindo vergonha e desespero, o que a impede de procurar outro emprego com medo de fracassar novamente.

Já a outra pessoa vê a perda do emprego como mais relacionada à empresa do que a eles mesmos. Essas diferentes perspectivas moldam suas memórias e experiências do evento.

Além disso, o risco genético para transtornos mentais pode aumentar a probabilidade de as pessoas se encontrarem em ambientes desfavoráveis.

Por exemplo, uma maior predisposição genética para depressão pode afetar a autoestima, levando as pessoas a se envolverem em relacionamentos disfuncionais que acabam mal.

Via Pexels

O que isso significa?

Em primeiro lugar, se confirma que genes e ambientes não atuam independentemente. Os genes da depressão influenciam os ambientes em que nos encontramos e como reagimos a esses eventos.

Em segundo lugar, os estudos não sustentam uma diferença clara entre depressão reativa e endógena. A interação entre genes e ambientes é complexa, e a maioria dos casos resulta de uma combinação de fatores genéticos, biológicos e estressores ambientais.

Terceiro, pessoas com depressão que apresentam uma forte predisposição genética relatam experiências mais graves de estresse em suas vidas.

Portanto, do ponto de vista clínico, indivíduos com maior vulnerabilidade genética podem se beneficiar da aprendizagem de técnicas específicas para gerenciar o estresse.

Isso pode ajudar a reduzir a probabilidade de desenvolver depressão em algumas pessoas e também pode auxiliar aqueles já diagnosticados a minimizar sua exposição contínua a fatores estressantes.

 

Fonte: Science Alert

Imagens: Pexels, Pexels

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