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Por que Coringa não deveria ter uma sequência?

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Durante essa semana, fomos surpreendidos com a notícia de que uma sequência de Coringa estaria em produção pela Warner Bros. De acordo com o The Hollywood Reporter, além do segundo filme do Palhaço do Crime, o diretor Todd Phillips também trabalharia em outras produções da DC. Não é preciso dizer que tal notícia gerou uma massiva repercussão entre os internautas e veículos de comunicação. Contudo, algumas horas depois, a Deadline apareceu desmentindo as informações anteriores. Além disso, a revista ainda aproveitou para dar uma alfinetada no THR ao chamar sua matéria de “puro clickbait”. No entanto, a probabilidade de uma continuação da narrativa de Arthur Fleck não foi descartada. Na verdade, a possibilidade foi descrita como “uma eventualidade que faz todo o sentido financeiro do mundo”. Sendo assim, mesmo sem nenhuma confirmação confiável, a expectativa de Coringa 2 paira entre nós, seja ela boa ou ruim.

Ao passo que a Warner não acreditava no potencial de êxito do filme, Coringa foi inicialmente concebido como um projeto independente. Isso significa que não existe um contrato estendendo a permanência de Joaquin Phoenix, na pele do personagem ou de Phillips na direção. Sendo assim, qualquer decisão de elaboração de uma sequência, deve ser discutida com ambos. Visto que a produtora se empolgou com a dimensão dos lucros e aclamação crítica do longa, era de se esperar que esse assunto viesse à tona. Contudo, Phillips originalmente concebeu Coringa como um estudo corajoso sobre personagens do mundo dos super-heróis. Inclusive, foi essa abordagem específica e não convencional que chamou a atenção de Phoenix para o papel. Sendo assim, antes de qualquer coisa, é preciso saber quais as considerações de ambos a respeito de uma sequência.

O que Phoenix e Phillips acham da ideia?

Embora nenhum dos principais envolvidos tenha se pronunciado a respeito das recentes notícias, em entrevistas anteriores, eles já haviam compartilhado suas respectivas opiniões sobre o assunto. A repercussão em torno de Coringa foi bastante acentuada. Por isso, antes mesmo de seu lançamento já haviam matérias sugerindo a possibilidade de uma sequência. Inclusive, isso já vinha sendo discutido até mesmo nos bastidores da produção. “Muito antes do lançamento ou antes de termos alguma ideia se seria bem sucedido, conversamos sobre sequências”, disse Phoenix ao Los Angeles Times. “Na segunda ou terceira semana de filmagens, eu fiquei tipo: ‘Todd, você pode começar a trabalhar em uma sequência? Há muito para explorar. Mas foi uma espécie de brincadeira”, relatou o ator. Considerando seu medo de ficar preso na repetição de um trabalho desinteressante e desmotivador, é compreensível que Phoenix só mencione uma sequência num contexto lúdico.

O astro comentou que parte de toda sua atração pelo projeto de Phillips partiu da falta de expectativas. “Eu não assinei um acordo para fazer [mais filmes]. Foi único.” revelou. Coincidentemente, isso explica o porquê de Phoenix ter recusado trabalhar com a Marvel Studios. Enquanto isso, do outro lado, o cineasta Todd Phillips parece mais suscetível á ideia. O diretor foi bem sincero ao dizer que tanto a bilheteria quanto a recepção crítica seriam fatores responsáveis por influenciar fortemente sua volta. Todavia, ele só embarcaria no projeto se Phoenix também aceitasse. Essa situação é semelhante a vivida por Christian Bale e Christopher Nolan no fim da trilogia de Cavaleiro das Trevas. Embora Nolan tivesse planejado apenas três filmes, a Warner quis fazer um quarto. Felizmente a dupla soube a hora certa de parar. Porém, será que poderemos dizer o mesmo de Phoenix e Phillips?

A importância da independência

Apesar da insistência de Phoenix de que ele e Phillips nunca farão uma sequência apenas pela exigência da lógica hollywoodiana, ficamos com um pé atrás, quando há executivos visando unicamente o lucro envolvido nessa equação. Além do mais, a Warner não parece ser a única clamando por outro filme do Palhaço do Crime. Em setembro, o The Guardian publicou uma matéria dizendo que seria insensato não tornar o filme de Phillips um pontapé inicial para um miniverso centrado em Gotham. Até aí, tudo bem. No entanto, no decorrer da argumentação, começaram a ser apresentados pontos que descaracterizavam totalmente o conceito do longa de Phillips. No fim, chegou a ser sugerido que seria uma boa ideia mostrar o Batman de Robert Pattinson confrontando o Coringa de Phoenix, na grande tela. Tal convicção vai totalmente contra o principal diferencial de Coringa, e também o elemento chave para seu sucesso: sua independência.

Durante anos a DC foi comparada a Marvel e, ao invés de seguir na direção contrária a da Casa das Ideias, a Warner tentou se adequar a sua fórmula. O resultado disso não foi dos melhores, qualquer dúvida, basta assistir Liga da Justiça. Assim, como foi sabiamente dito por Philllips em uma entrevista ao The New York Times, “se não podemos vencer a Marvel, vamos fazer algo que eles não podem”. Sendo assim, uma das coisas que separa Coringa do catálogo da Marvel Studios é o fato de que sua narrativa não abrange ou se estende a vários filmes e outras franquias. Sendo assim, colocar Phoenix em uma sequência ou pior, em um filme com o Batman, iria completamente contra a vontade do ator.  Segundo Phillips, Phoenix queria que o filme fosse ainda mais isolado da mitologia da DC, do que aquilo que vimos.

Por que essa sequência não seria uma boa ideia?

Como se toda a discussão acima já não tivesse demonstrado a incoerência na ideia de uma continuação de Coringa, ainda existem alguns argumentos necessários. Primeiramente, a criação de um universo compartilhado, querendo ou não limita a exploração criativa. Sugerir uma sequência para a narrativa do Palhaço, ou um crossover com o Batinson, é o retorno rumo ao trágico Universo Estendido da DC. Caso isso venha a se realizar, veremos a perda da cinematografia, algo muito criticado nos filmes de super-heróis. Por isso, Phoenix e Phillips insistiram em bater na tecla de que Coringa não é um filme de herói e nem uma adaptação dos quadrinhos. Visto que a produção foi um sucesso, é normal que os acionistas da Warner queiram  transformar isso em uma fórmula. Contudo, a contradição está exatamente aí. Coringa só se tornou um fenômeno por não seguir nenhuma regra.

Em segundo lugar, embora alguns pensem o contrário, a narrativa não deixou abertura para nenhuma continuação. Desde o início, a intenção era que as linhas entre realidade e fantasia, sanidade e loucura fossem deliberadamente indissociáveis. O próprio Phoenix comentou que ele e Phillips resolveram tirar vantagem da falta de verdade definitiva sobre o personagem. Como resultado, os espectadores poderiam se aventurar em suas próprias perspectivas e debater o que realmente aconteceu ou não na mente perturbada de Fleck. Qualquer interferência nesse final, meticulosamente planejado, ocasionaria um resultado aquém do esperado. E ninguém quer uma sequência que deixe a desejar. Sendo assim, seria inteligente da parte da Warner continuar investindo em filmes independentes e dando liberdade aos seus diretores. Afinal, vale mais mirar em uma estrela do que se perder no universo.

E então, o que você acha de uma sequência para Coringa? Qual a solução para a DC nos cinemas? Compartilhe sua opinião com a gente.

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