Ao olhar para a imagem acima, você sente algum desconforto? Não, ótimo então. Para você, essa é só uma imagem comum de um pica-pau estocando as suas bolinhas. Caso, você se sinta desconfortável em olhar fixamente para a imagem, há uma chance de você ter tripofobia.
A imagem, até então inofensiva de do pica-pau estocando pequenas bolas em vários buracos em uma árvore, viralizou nas redes sociais por um simples motivo: repulsa de muitos usuários. O problema em questão não é o animal ou as pequenas bolas, mas sim a quantidade de buracos irregulares na árvore que provocou uma condição chamada de tripofobia.
Para aqueles que tem essa fobia, uma simples imagem pode causar medo e desconforto. Não é como se essas pessoas tivessem medo de qualquer buraco pelo caminho. Não, não é isso. A chamada tripofobia é uma condição caracterizada por uma aversão a padrões agrupados de buracos irregulares.
A tripofobia
O nome tripofobia pode até ter surgido na internet, em algum fórum online em 2005, mas os cientistas afirmam que essa condição existe há mais tempo.
“Sabemos que essa condição pré-existia na internet – embora a internet possa tê-la exacerbado”, disse Arnold Wilkins, psicólogo da Universidade de Essex.
Por ser caracterizado como fobia, isso significa que a tripofobia não é considerada um distúrbio oficial. Sendo assim não está listada no “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais”. Mas, cerca de 10% da população já apresentou sintomas como ansiedade, náusea e sensação de “rastejamento na pele” ao se deparar com padrões irregulares e agrupamentos de buracos.
Por ser algo tão comum, os cientistas buscam entender como funciona e o que causa essa fobia. Muitos especialistas acreditam que a aversão é evolutivamente adaptativa. “Você evita coisas que podem prejudicá-lo”, explica Wilkins.
O primeiro registro científico de tripofobia foi publicado na revista Psychological Science. No documento, Wilkins fez um comparativo entre imagens que provocam a tripofobia e imagens de animais venenos, como o polvo de anéis azuis. Os cientistas identificaram uma distribuição semelhante de manchas e saliências ou buracos e um contraste parecido entre as imagens. Eles concluíram que a fobia em questão poderia ser decorrência de uma aversão adaptativa evolutiva à criaturas perigosas.
A foto
Para os pesquisadores, a reação mais comum a uma imagem, como a da foto do pica-pau, não é o medo. Seria algo mais próximo de nojo, ou o que os psicólogos chamam de “emoção da evitação da doença”. Enquanto animais perigosos e doenças são igualmente ameaçadores, eles despertam duas reações distintas. Uma cobra, por exemplo, nos causa medo. Ao sentir medo, o sistema nervoso simpático da pessoa é ativado, e isso faz com que o indivíduo entre em modo de luta ou fuga. Já uma doença e alimentos em decomposição, causam repulsa e aversão. Esses sentimentos ativam o sistema nervoso parassimpático, que faz com que o corpo relaxe a fim de conservar energia.
Em um outra pesquisa, essa mais recente, publicada em 2018, na revista PeerJ, os pesquisadores notaram que as pupilas dos participantes se dilataram em resposta à fotos de cobra. Mas, ao serem expostos à imagens de buracos, as pupilas se contraíram. Um sinal evidente da ativação do sistema nervoso parassimpático.
Mas ainda pode demorar um pouco até que os cientistas descubram exatamente o motivo das pessoas reagirem tão negativamente a uma foto de um pica-pau inofensivo.
E você, já tinha ouvido falar sobre a tripofobia? Conta para a gente nos comentários e compartilhe com os seus amigos.
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